Atualmente
tenho muitos desafios pela frente para dar sequência na produção do personagem
Bezalel. O primeiro é a necessidade de reformular o conceito geral dele,
visual, cores, tudo. Pois no começo, eu pretendia fazer quadrinhos voltados
apenas para pessoas que se identificassem com uma leitura de um texto um pouco mais
detalhado, focando mais na idade entre 16 anos para cima.
Mas,
envolto há outros imprevistos, não pude imaginar que agora, tenho a feliz
obrigação de adaptar o conceito de um personagem, que inicialmente pensei para
os jovens, para a linguagem de um
público infantil também. Pois Deus me deu uma esposa (Maria da Conceição) que
me presenteou com 4 saudáveis crianças: David Leon, com 11 anos, Naomi Esther de 8, Zakya
Yarin que completa 3 anos em janeiro do próximo ano e Zanne Chai que tem
apenas 1 ano.
O
fato de ser abençoado com o convívio com essas crianças é o que determinou um
novo direcionamento para o meu personagem. Por que, se antes, pesava somente a minha
vontade de artista de querer me realizar, agora a minha produção sofre uma
interferência direta dessas crianças que estão a minha volta e por causa disso, se
faz necessário reinventar tanto a mim mesmo como a obra artística também.
Formalizando o Projeto do
Personagem
Um dos primeiros passos para formalizar o meu
projeto foi em 2014 quando registrei um CNPJ da Editora Bezalel e comecei um
CURSO DE TIRAS EM QUADRINHOS & ARTE SEQUENCIAL no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho.
Como é que é? Você abriu uma
empresa para esse projeto?
Isso
mesmo, eu encontrei por acaso, no Portal do Empreendedor, essa opção para o MEI
(Micro Empreendedor Individual) e cadastrei um CNPJ.
Pra
você ter uma idéia do quanto essa etapa de formalização desse projeto não foi
planejada, eu só cheguei a esse caminho quando estava tentando cadastrar um
email com o nome do personagem e como não foi possível, optei por
acrescentar a palavra editora na frente. E só a partir daí, que comecei a
reunir algumas informações mais concretas sobre como iniciar uma atuação no mercado
editorial.
CARICATURA DE ADRIANO LEONARDO feita pelo artista IVAN VERAS, O GEO |
Há
muitas outras ironias com as quais me deparei com o meu próprio trabalho,
pesquisa e formação para exercer a minha caminhada profissional(temas que
também vou abordar com as Tiras do Personagem). Quando tive acesso a
Universidade, entrei para cursar Comunicação Social na habilitação de Radio e
TV(Em 1996, quando entrei, a TV UFMA, não era nem sonho). Decepcionado, mas com muita luta, consegui alterar a habilitação para
Jornalismo, depois de muita dificuldade para vencer meus próprios defeitos e
limitações, consegui realizar o curso inteiro, mas não defendi a minha
monografia sobre charges por que não tive uma orientação apropriada para o meu
tema. Problemas de ordem pessoal foram o meu principal obstáculo, e para
piorar, eu cultivava uma síndrome de auto rejeição, por não conseguir superar
defeitos da minha personalidade como o uso e abuso de álcool e drogas. Assim, acabei sendo
naturalmente desprezado pela coordenação do curso e impedido de me formar.
Hoje
não há o que lamentar, mesmo sabendo que o diploma de um Curso de Jornalismo da
UFMA ainda é muito respeitado, nos tempos de hoje, qualquer pessoa pode se
tornar um produtor de conteúdo, desde que se dedique a isso. Em outras palavras, menos elegantes, qualquer zé-cueca, pode atuar na área da Comunicação hoje, e
até mesmo se tornar jornalista, se assim desejar. Sem diploma mesmo, e daí? É só
deixar essas discussões para os acadêmicos, enquanto você sai trabalhando para
quem o valoriza e precisa do seu trabalho.
Lógico,
que se você tiver como, deve sim buscar uma qualificação na Universidade, mas nunca
mais vou me sentir inferiorizado novamente por isso, simplesmente porque tenho entendido
que o conhecimento, a comunicação e as
artes não pertencem a nenhuma academia ou grupo social, pertencem a humanidade e
são dádivas de Deus.
E o que há de tão irônico nisso ?
É que, outras 3 habilitações do Curso de
Comunicação que também me interessavam, não eram oferecidas na minha época na
UFMA: publicidade, cinema e...edição! Que é o que realmente o meu projeto necessita.
Mas
lembrando de uma frase que vi em um filme do Batmam, “... O que eu faço, é o que me
define”.
Portanto, se o meu projeto se resume em criar e desenvolver meu conteúdo: desenhando, pintando, escrevendo
e editando com a minha própria editora (que inclusive, tem o mesmo nome do personagem: Bezalel), Fé é a única e verdadeira motivação que qualquer um precisa para
tocar todo e qualquer sonho. Além disso, se as publicações independentes sempre carregam a máxima do “faça você mesmo!” tudo o que eu tenho que fazer é trabalhar nisso. O resto é com Deus!
E justamente, por
ser extremamente particular, meu trabalho com esse personagem não poderia mesmo estar sujeito a nenhum critério editorial do mercado convencional.(Também por que, até o momento, ninguém achou a minha proposta interessante. Confesso já bati em algumas portas... ) Mas agora, o que importa é que, editando meu próprio material, eu tenho a minha autêntica e exclusiva mensagem de artista ao público que se sentir atraído, e nada
mais.
E é possível viver de quadrinhos no Brasil?
No
Brasil, são raras as pessoas que conseguem viver única e exclusivamente de
quadrinhos, a maioria o fazem por paixão, sendo que o valor de capa de uma
obra, paga somente os custos de gráfica (no caso da obra impressa em papel). Todo
artista deseja reconhecimento do seu trabalho, não somente com elogios, mas de
forma monetária. Entendo que essa é uma consequência natural de qualquer
trabalho feito com dedicação. Futuramente, assim que eu conseguir publicar o
meu primeiro livro de quadrinhos, é óbvio que vou oferecê-lo a você. Mas isso
leva tempo, principalmente para produzir algo um pouco mais significativo, e o
meu objetivo nesse momento é compartilhar as etapas de criação do personagem, produzindo tiras, com publicação regular em 2017, formar um público para posteriormente, reunir esse trabalho em um material impresso.
Por enquanto, continuarei registrando aqui, tanto o processo criativo da idéia que materializou o
personagem, como também as etapas formais e jurídicas que implicaram no
registro do mesmo, para que os direitos autorais estejam resguardados.
Curiosidade sobre o Traço e o Conceito:
Nova versão do Personagem Bezalel a ser usada em 2017 |
O
“Traço” é uma gíria que nós, os desenhistas, damos a forma e expressão da linha que
define o nosso desenho. É algo equivalente a uma Caligrafia, por exemplo.
No
começo, a gente busca imitar todos os artistas que a gente se identifica. E na
verdade a gente vai levando essa prática, pra de repente encontrar o nosso próprio
estilo. No caso de quem escreve, é a chamada “voz do escritor”, isso também é
perseguido por autores que buscam ser autênticos. Mas no final, ninguém será
absolutamente original e autêntico. Todos somos um misto de influências.
Aqui
eu destaco um detalhe no desenho do Bezalel: O Nariz. Eu não lembrava de onde
eu tinha tirado essa forma do nariz, até que recentemente, vasculhando um
material antigo do grupo de Graffiti que formei em 2003, encontrei essas
caricaturas feitas por Rômulo e Ivan Veras, O Geo. É só prestar atenção para o
nariz das caricaturas que você vai perceber que o convívio com esses artistas, contribuiu
no meu traço. Agora o que eu não consigo
dizer é quem eles estavam tentando imitar, por que esse não é o estilo
principal de cada um deles.
Abaixo dessa foto tem o link para acessar a entrevista que dei na última sexta (9/12/2016) para o programa INTERLIGADO com Wellington Aquino na Radio 92.3 FM.
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