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O CRIADOR & A CRIATURA (parte 2) por Adriano Leonardo

Que desafios tenho pra criar meu Personagem?

                Atualmente tenho muitos desafios pela frente para dar sequência na produção do personagem Bezalel. O primeiro é a necessidade de reformular o conceito geral dele, visual, cores, tudo. Pois no começo, eu pretendia fazer quadrinhos voltados apenas para pessoas que se identificassem com uma leitura de um texto um pouco mais detalhado, focando mais na idade entre 16 anos para cima.

                Mas, envolto há outros imprevistos, não pude imaginar que agora, tenho a feliz obrigação de adaptar o conceito de um personagem, que inicialmente pensei para os  jovens, para a linguagem de um público infantil também. Pois Deus me deu uma esposa (Maria da Conceição) que me presenteou com 4 saudáveis crianças: David Leon, com 11 anos, Naomi Esther de 8, Zakya Yarin que completa 3 anos em janeiro do próximo ano e Zanne Chai que tem apenas 1 ano.

                O fato de ser abençoado com o convívio com essas crianças é o que determinou um novo direcionamento para o meu personagem. Por que, se antes, pesava somente a minha vontade de artista de querer me realizar, agora a minha produção sofre uma interferência direta dessas crianças que estão a minha volta e por causa disso, se faz necessário reinventar tanto a mim mesmo como a obra artística também.

Formalizando o Projeto do Personagem

                 Um dos primeiros passos para formalizar o meu projeto foi em 2014 quando registrei um CNPJ da Editora Bezalel e comecei um CURSO DE TIRAS EM QUADRINHOS  &  ARTE SEQUENCIAL no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho.

Como é que é? Você abriu uma empresa para esse projeto?

                Isso mesmo, eu encontrei por acaso, no Portal do Empreendedor, essa opção para o MEI (Micro Empreendedor Individual) e cadastrei um CNPJ.
                Pra você ter uma idéia do quanto essa etapa de formalização desse projeto não foi planejada, eu só cheguei a esse caminho quando estava tentando cadastrar um email com o nome do personagem e como não foi possível, optei por acrescentar a palavra editora na frente. E só a partir daí, que comecei a reunir algumas informações mais concretas sobre como iniciar uma atuação no mercado editorial.

CARICATURA DE ADRIANO LEONARDO
feita pelo artista IVAN VERAS, O GEO
             Há muitas outras ironias com as quais me deparei com o meu próprio trabalho, pesquisa e formação para exercer a minha caminhada profissional(temas que também vou abordar com as Tiras do Personagem). Quando tive acesso a Universidade, entrei para cursar Comunicação Social na habilitação de Radio e TV(Em 1996, quando entrei, a TV UFMA, não era nem sonho). Decepcionado, mas com muita luta, consegui alterar a habilitação para Jornalismo, depois de muita dificuldade para vencer meus próprios defeitos e limitações, consegui realizar o curso inteiro, mas não defendi a minha monografia sobre charges por que não tive uma orientação apropriada para o meu tema. Problemas de ordem pessoal foram o meu principal obstáculo, e para piorar, eu cultivava uma síndrome de auto rejeição, por não conseguir superar defeitos da minha personalidade como  o uso e abuso de álcool e drogas. Assim, acabei sendo naturalmente desprezado pela coordenação do curso e impedido de me formar.
                Hoje não há o que lamentar, mesmo sabendo que o diploma de um Curso de Jornalismo da UFMA ainda é muito respeitado, nos tempos de hoje, qualquer pessoa pode se tornar um produtor de conteúdo, desde que se dedique a isso. Em outras palavras, menos elegantes, qualquer zé-cueca, pode atuar na área da Comunicação hoje, e até mesmo se tornar jornalista, se assim desejar. Sem diploma mesmo, e daí? É só deixar essas discussões para os acadêmicos, enquanto você sai trabalhando para quem o valoriza e precisa do seu trabalho.
                Lógico, que se você tiver como, deve sim buscar uma qualificação na Universidade, mas nunca mais vou me sentir inferiorizado novamente por isso, simplesmente porque tenho entendido que o conhecimento, a  comunicação e as artes não pertencem a nenhuma academia ou grupo social, pertencem a humanidade e são dádivas de Deus.

 E o que há de tão irônico nisso ?

 É que, outras 3 habilitações do Curso de Comunicação que também me interessavam, não eram oferecidas na minha época na UFMA: publicidade, cinema e...edição! Que é o que realmente o meu projeto necessita.
                Mas lembrando de uma frase que vi em um  filme do Batmam, “... O que eu faço, é o que me define”.   
                Portanto, se o meu projeto se resume em criar e desenvolver meu conteúdo: desenhando, pintando, escrevendo e editando com a minha própria editora (que inclusive, tem o mesmo nome do personagem: Bezalel), Fé é a única e verdadeira motivação que qualquer um precisa para tocar todo e qualquer sonho. Além disso, se as publicações independentes sempre carregam a máxima do “faça você mesmo!” tudo o que eu tenho que fazer é trabalhar nisso. O resto é com Deus!
                E justamente, por ser extremamente particular, meu trabalho com esse personagem não poderia mesmo estar sujeito a nenhum critério editorial do mercado convencional.(Também por que, até o momento, ninguém achou a minha proposta interessante. Confesso já bati em algumas portas... ) Mas agora, o que importa é que, editando meu próprio material, eu tenho a minha autêntica e exclusiva mensagem de artista ao público que se sentir atraído, e nada mais.

E é possível viver de quadrinhos no Brasil? 

          No Brasil, são raras as pessoas que conseguem viver única e exclusivamente de quadrinhos, a maioria o fazem por paixão, sendo que o valor de capa de uma obra, paga somente os custos de gráfica (no caso da obra impressa em papel). Todo artista deseja reconhecimento do seu trabalho, não somente com elogios, mas de forma monetária. Entendo que essa é uma consequência natural de qualquer trabalho feito com dedicação. Futuramente, assim que eu conseguir publicar o meu primeiro livro de quadrinhos, é óbvio que vou oferecê-lo a você. Mas isso leva tempo, principalmente para produzir algo um pouco mais significativo, e o meu objetivo nesse momento é compartilhar as etapas de criação do personagem, produzindo tiras, com publicação regular em 2017, formar um público para posteriormente, reunir esse trabalho em um material impresso.
                Por enquanto, continuarei registrando aqui, tanto o processo criativo da idéia que materializou o personagem, como também as etapas formais e jurídicas que implicaram no registro do mesmo, para que os direitos autorais estejam resguardados.  

Curiosidade sobre o Traço e o Conceito:

Nova versão do Personagem Bezalel
a ser usada em 2017
                O “Traço” é uma gíria que nós, os desenhistas, damos a forma e expressão da linha que define o nosso desenho. É algo equivalente a uma Caligrafia, por exemplo.
                No começo, a gente busca imitar todos os artistas que a gente se identifica. E na verdade a gente vai levando essa prática, pra de repente encontrar o nosso próprio estilo. No caso de quem escreve, é a chamada “voz do escritor”, isso também é perseguido por autores que buscam ser autênticos. Mas no final, ninguém será absolutamente original e autêntico. Todos somos um misto de influências.
                Aqui eu destaco um detalhe no desenho do Bezalel: O Nariz. Eu não lembrava de onde eu tinha tirado essa forma do nariz, até que recentemente, vasculhando um material antigo do grupo de Graffiti que formei em 2003, encontrei essas caricaturas feitas por Rômulo e Ivan Veras, O Geo. É só prestar atenção para o nariz das caricaturas que você vai perceber que o convívio com esses artistas, contribuiu no meu  traço. Agora o que eu não consigo dizer é quem eles estavam tentando imitar, por que esse não é o estilo principal de cada um deles.

Adriano Leonardo, Rômulo Ramos, Paulo e Ivan Veras

( Desenho feito por Rômulo Ramos e Ivan Veras )

Caricaturas do Grupo de artistas apaixonados por Graffiti, Quadrinhos,Fanzines,Serigrafia, Aerografia e som alternativo. Nos reuníamos em uma escola comunitária chamada Anjo Poiel no Bairro Bequimão entre 2002 e 2007 atuávamos nas comunidades do Pão de Açúcar, Anil e adjacências. chamei o grupo de SuperCrew  por que todos eram muito versáteis com seus talentos artísticos.

Com algumas dessas experiências em grupo, iniciei o processo criativo que formataria o conceito para que o personagem Bezalel  fosse um artista grafiteiro. 


Abaixo dessa foto tem o link para acessar a entrevista que dei na última sexta (9/12/2016) para o programa INTERLIGADO com Wellington Aquino na Radio 92.3 FM.
OBS: Como ainda não consegui postar aqui no Blog, a entrevista está no Facebook. 


 ENTREVISTA RADIO 92.3 FM

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