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Tá me tirando? Livro sobre Tiras em Quadrinhos considera arte como gênero jornalístico.

             


   É muito provável que a maioria dos fãs e consumidores que despejam milhões de dólares de lucro nas produções de filmes de super-heróis norte-americanos e lotam eventos como a COMICON em São Paulo, sequer imaginem que tudo o que essa indústria cultural representa hoje para a chamada “cultura pop” teve um ponto de partida emblemático na história da mídia, e se chamou Tiras em Quadrinhos.
                Foi quando as Tiras surgiram, cerca de 110 anos atrás nos jornais norte-americanos que uma grande revolução na comunicação de massa teve início. Naquela época, elas foram usadas como uma estratégia de conquista de leitores para os Jornais e esse artifício, muito contribuiu para a concorrência entre aqueles veículos impressos. Momento esse, em que o grande beneficiado, foi o leitor, se divertindo e acompanhando personagens lendários que influenciaram a muitas outras produções criativas que vieram depois.
                No Brasil, nosso maior exemplo de êxito de mercado nos quadrinhos é a Turma da Mônica, que se consolidou através de uma experiência parecida. Foi quando Maurício de Souza, oportunamente e convicto da sua intenção, entrou como um repórter policial no recinto de um jornal impresso e lá aprendeu tudo o que podia a respeito de como funcionavam os chamados “Sindicates”, que eram as agências responsáveis por gerenciar e distribuir as Tiras em quadrinhos estrangeiras aos jornais do mundo todo. Foi com essa bagagem de experiência que ele conseguiu e mantém até hoje, seus personagens com revistas próprias, além de muitos outros títulos e produtos correlacionados.
                 E uma vez que se perceba a importância das Tiras em Quadrinhos, seria muita ousadia classificá-la como um gênero jornalístico? Marcos Nicolau, nesse pequeno livro no tamanho, mas grandioso na proposta, nos mostra que não. E nos levando a um passeio pela origem dos Quadrinhos com o surgimento das Tiras, ele nos traz a uma compreensão do moderno conceito de gênero, faz um levantamento do que alguns estudiosos nos deixaram sobre gêneros de mídia e gêneros jornalísticos para finalmente elevar a Tira de Quadrinhos a um patamar, muito mais do que merecido: à condição de jornalismo propriamente dito.
                Na segunda parte do livro encontramos um parecer dessa arte pela lente da Semiótica, uma ciência que trata com linguagens e signos. Com esse auxílio, o autor demarca o cotidiano social (matéria prima de fazer jornalismo) no processo criativo das Tiras.
                Como até hoje, as tiras continuam sendo uma excelente forma de iniciar um trabalho com quadrinhos, a leitura desse livro é imprescindível ao artista ou ao pesquisador que queira desenvolver o seu trabalho, degustando tiras antológicas de personagens que marcaram época como Hagar de Dik Browne, Calvin & Haroldo de Bill Watterson, Frank & Ernest de Bob Chaves, Trogloditas de Roggo, Mafalda de Quino, As Cobras de Luís Fernando Veríssimo, Rê Bordosa de Angeli, Níquel Náusea de Fernando Gonsales, Maria de Henrique Magalhães e outros mais. 

Adriano Leonardo
é pesquisador autodidata de Artes Visuais 
e profissional da Comunicação



RESENHA 2
TÍTULO DO LIVRO: TIRINHA- A síntese criativa de um gênero jornalístico
Editora: MARCA DE FANTASIA (Série Quiosque, 19), João Pessoa/PB
Autor: Marcos Nicolau
nº de páginas: 68 páginas
Lançada em : 2007
Tamanho: 12 x 18 cm
ISBN 978­85­87018­72­4
R$15,00

Onde encontrar:  site da editora MARCA DE FANTASIA

Resumo: Livro teórico sobre Tiras em quadrinhos com abordagem histórica e análise crítica no trabalho com a comunicação impressa que objetiva situar essa produção visual e textual enquanto um legítimo gênero jornalístico de opinião, assim como são a crônica, o artigo, a coluna, o editorial, a resenha, a caricatura etc. 

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